O grande barato do artesanato e das artes é produzir e possuir peças exclusivas em vez de ter apenas mais uma de uma produção massiva cuspida por alguma injetora ou sopradora de plástico.
Ainda assim, às vezes desejamos ter várias peças "iguais" para, por exemplo, compor um jogo de pratos, de xícaras, um jardim que tenha sua unidade representada pelos vasos. Nesses casos, é possível fazer peças de cerâmica usando um molde. Fabrica-se a primeira peça, que serve para confecção do molde. Geralmente essa peça não sai inteira do processo de moldagem e tem que ser descartada, mas permite que várias outras "iguais" a ela sejam produzidas posteriormente.
Digo "iguais" assim, entre aspas, porque - ufa! ainda bem - mesmo as peças nascidas desse método não são todas exatamente iguais. A fluidez da barbotina (argila líquida), o tempo de secagem no molde que influi no espessor da peça final, o tempo de secagem fora do molde, diretamente influenciado pelo clima mais ou menos úmido, a carga de pintura e o modo como foi preparada, o forno e tantos outros fatores como a mão de quem está trabalhando a peça a fazem única, ainda que o objetivo seja que fique igual a uma outra anteriormente fabricada.
Abaixo, o processo de moldagem em fotos e algumas peças-clone. Esse molde eu fiz a partir de uma peça que teimava em ficar cheia de bolhas de ar. Se a mandasse ao forno, iria explodir podendo comprometer outras que estivessem na mesma fornada (e que não necessariamente seriam minhas, já que pago para terceiros queimarem o que faço e geralmente o forno é compartido com a produção de outras pessoas). Agora estou produzindo clones dela, hehehe.
[Por sinal, preciso descer e desmoldar uma, com licença.]
Voltei. Ai vão as fotos.
O molde e a barbotina
Esperamos secar e acompanhamos a borda. Quando a espessura atinge a medida desejada, vertemos a barbotina - que será utilizada futuramente.
Deixamos escorrer, limpamos a borda. Essa barbotina estava bastante espessa, atualmente uso ela algo mais líquida. Quando a peça começa a descolar do molde, viramos sobre uma superfície dura forrada com jornal.
Controlamos a secagem cobrindo a peça com plástico e deixando arejar de tanto em tanto. Em ponto couro fazem-se acertos, tiram-se arestas... Ela tambpem pode ser pintada com barbotinas nesse estágio - nesse caso vai ao forno apenas uma vez. do contrário, vai ao forno - quando volta chama-se biscoito, pinta-se com óxidos que podem ou não ser esmaltados na sequencia ou apenas esmaltes já na cor desejada e voltam novamente ao forno.
Primeira fornada de clones - os brancos ainda serão pintados, esmaltados e levados ao forno uma segunda vez. Os da frente foram pintados com engobes enquanto crus e depois receberam produto para pisos (daqueles para dar brilho que não precisa diluir em água) para tirar a aspereza e dar brilho.
Esperamos secar e acompanhamos a borda. Quando a espessura atinge a medida desejada, vertemos a barbotina - que será utilizada futuramente.
Deixamos escorrer, limpamos a borda. Essa barbotina estava bastante espessa, atualmente uso ela algo mais líquida. Quando a peça começa a descolar do molde, viramos sobre uma superfície dura forrada com jornal.
Controlamos a secagem cobrindo a peça com plástico e deixando arejar de tanto em tanto. Em ponto couro fazem-se acertos, tiram-se arestas... Ela tambpem pode ser pintada com barbotinas nesse estágio - nesse caso vai ao forno apenas uma vez. do contrário, vai ao forno - quando volta chama-se biscoito, pinta-se com óxidos que podem ou não ser esmaltados na sequencia ou apenas esmaltes já na cor desejada e voltam novamente ao forno.
Primeira fornada de clones - os brancos ainda serão pintados, esmaltados e levados ao forno uma segunda vez. Os da frente foram pintados com engobes enquanto crus e depois receberam produto para pisos (daqueles para dar brilho que não precisa diluir em água) para tirar a aspereza e dar brilho.
Adoro a cor do cobre (marrom dourado) quando não está esmaltado.
Com esmalte fica verde turquesa, lindo também: como aqui, na pirâmide e no vaso cônico, pintados de cobre + cobalto (verde + azul).
Com esmalte fica verde turquesa, lindo também: como aqui, na pirâmide e no vaso cônico, pintados de cobre + cobalto (verde + azul).
Espero que tenham gostado. Cliquem nas imagens para ampliar.
Muito legal, obrigado pelas boas dicas!
ResponderExcluirDe nada, um prazer.
ExcluirAmei seu jeito de ensinar e dar as dicas, mostrando cada etapa e explicando tudinho ...me ajuda muito..pois sou ceramista iniciante e autodidata...então veja que quando encontro alguém que realmente explica bem...ganho uns anos aí nesta minha caminhada ainda mais difícil por ser autodidata(na minha cidade só tem um ou dois ceramistas que cobram uma fortuna para ensinar bobagens tipo terapia pra madame. Então como não nasci em berço de ouro tenho que pesquisar, pesquisar, ler muito, assistir tudo que tem disponível na net, errar, e tentar de novo e assim vou seguindo.Obrigada Elena por compartilhar seus conhecimentos!
ResponderExcluirElena essa barbotina que você usa, é só uma boa argila em estado cremoso tipo yogurt, ou você acrescenta aquela fórmula que vai carbonato de cálcio,silicato de sódio e carbonato de sódio? Dá pra fazer o tal do slip casting só com a argila em estado de yogurt?
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