Todo empezó dando color a paisajes de Brasil. Ahora le toca a la Argentina. Elena Soboleff Paisajismo :: Soluciones a medida para cualquier medida ::
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Transplantando árvores
Aproveito para postar a resposta que mandarei a ele, porque acho que pode interessar a mais gente e, principalmente, porque quero saber se esqueci algo crucial. Quem quer colaborar?
A pergunta
Olá Elê.
Aqui no terreno em que estão construindo umas casas tem uma jabuticabeira de uns 50 anos. Mas apesar da idade não é nenhum monstro de tamanho.
Seria possível transplantá-la pro meu quintal? Imagino os riscos do trampo mas gostaria de salvar a árvore.
Que acha?
Bjs.
E a resposta
Oi
Não dá para responder de forma curta, porque a cada coisa que escrevo, lembro de mais um aspecto importante. Então, vai em estilo manual mesmo, tentando descrever todos os aspectos envolvidos. Espero que ajude e estou à disposição se ficar alguma dúvida.
Não se assuste com o tanto de informação e, quando decidir e conseguir a autorização (veja o item sobre legislação), faça o transplante e me conte, ok? Pode parecer mais complexo do que realmente é.
Também há empresas que fazem esse serviço, posso procurar se tenho alguma referência aqui para te passar, eles podem te dar um orçamento e assessoria mais experiente.
Mas vamos ao que interessa. É possível sim transplantar a jabuticabeira.
O certo é fazer o transplante com tempo, de forma planejada, fazendo uma sangria. Trata-se de abrir uma canaleta em volta de 1/3 da raiz da árvore, colocar estopa ou saco de juta na parte externa dessa vala e encher com substrato (veja abaixo). Ai espera-se um mês para que esse terço solte novas raízes e faz-se o mesmo com o segundo terço. Mais um mês de espera e faz-se o último terço, já tirando o torrão da árvore e transplantando para o local definitivo.
Esse anel deve ser o mais longe do tronco possível, o legal seria deixar um raio de pelo menos 80cm a partir do tronco. Quanto menos se cortarem as raízes, melhor. É também muito importante que o torrão não quebre ao transplantar a árvore, para não abalar as raízes que ficaram.
Quando for efetivamente fazer o transplante, faz-se uma poda da parte aérea da árvore. Pode dois terços dos galhos e folhas, deixando um terço da parte aérea. Isso serve para a árvore não gastar energia mantendo as folhas e para que não perca água por transpiração, já que a prioridade dela será primeiro lançar novas raízes antes de voltar a crescer folhas. Sem raízes, ela não se alimenta.
O crescimento de folhas pode levar meses até começar. Para saber que a planta continua viva, podemos raspar a parte superficial de algum galho e ver se continua verde, o que significará que a seiva continua circulando. Mas não faça isso demais porque são feridas que ela terá que cicatrizar.
Como estamos no fim do verão (ela vegeta - cresce mais - na primavera e no verão) e quase entrando no outono, a tendencia é ela economizar energias e já não crescer tanto.
[Se precisar acelerar o processo, faça a sangria em duas metades: uma agora, espera um mês e logo retira a árvore.
Se essa espera também não for possível, veja se dá para esperar pelo menos 15 dias, ou então faça de uma vez só... mas ai já é bem mais arriscado.]
Antes de tirar a planta, amarre um cordão vermelho (ou outra cor chamativa) voltada para o norte (ou a parede do fundo, por exemplo, já que o transplante é perto) para poder plantar ela na mesma posição em que estava, pois a planta já está acostumada a essa insolação e direção dos ventos.
O preparo do berço (buraco para onde ela vai): é importante que seja o maior possível.
O buraco deve ser quadrado, assim as raízes encontram uma barreira que conseguem furar (quando é redondo elas muitas vezes enroscam acompanhando a parede e isso funciona como se fosse um vaso e a planta já não se desenvolve tanto quanto poderia).
Ao fazer o berço, peça para fazerem dois montes, um com os 20 a 30cm de cima da terra retirada (essa camada superficial é a parte que contém nutrientes) e outro com o resto. Nessa porção superior, misture calcário dolomítico (não é cal de construção), que ajuda a equilibrar o pH da terra (o ideal é ter um pH neutro entre 6 e 7).
Se quiser, compre o peagâmetro para medir o pH, mas dá para ir por aproximação sem muito erro. Os solos de São Paulo são invariavelmente ácidos, então temos que corrigir o pH (isso se chama calagem) adicionando calcário dolomítico. Se não fizermos isso, não adianta colocarmos outros adubos, pois a planta num solo ácido não consegue absorver os nutrientes (a não ser que seja uma planta que gosta de solo ácido, a minoria).
150g de calcário dolomítico por metro quadrado corrigem um ponto de acidez. Se for fazer sem medição, suba 1,5 pontos - ou seja, use 225g de calcário por metro quadrado. Eu tenho um monte de calcário em casa. Pede ao meu irmão. Está (...), lado direito. É um saco plástico com um pó branco que está aberto e amarrado. Pozinho chato, cuidado para não aspirar! Basta polvilhar naqueles 20 a 30cm mais superficiais que vamos separar e incorporar bem. A calagem deve ser feita pelo menos 30 dias antes.
Quanto ao substrato de plantio, vamos fazer uma mistura de 1/3 de substrato (por exemplo da marca Biomix, à venda no CEASA ou em garden centers como o da Av. dos Bandeirantes - o CEASA é bem mais em conta) + 1/3 de areia de construção média ou grossa (ajuda na drenagem) e 1/3 da terra do jardim que você tirou ao fazer o buraco - aquela camada superficial que recebeu a calagem. Se precisar, complete com algo da parte mais de baixo da terra. Importante quebrar bem os torrões e tirar todas as pedras, lixo etc. dessa terra que sai do berço.
Ainda no plantio, vamos decidir se você irá manter a jabuticabeira de forma orgânica (mais saudável e natural e sem adubos químicos ou agrotóxicos) ou química, com adubos químicos como o NPK e agrotóxicos quando forem necessários (mais fácil). Eu voto pelo orgânico, por se tratar se uma frutífera e porque sei que na sua casa as coisas crescem bem mesmo quando não lhes damos nenhuma atenção. Com o trato do berço na hora do plantio então, irá de vento em popa.
Na hora do plantio, é também muito importante que o nível do chão permaneça o mesmo. É preferível plantar a árvore um pouco mais alta que o chão (15cm), já que a terra irá invariavelmente ceder com o tempo. Não devemos compactar demais senão as novas raízes terão muita dificuldade em crescer. Ela nunca deve ficar mais baixa que o nível do solo, porque se o colo (um ponto entre as raízes e o tronco, não dá exatamente para identificar) for coberto, isso trará doenças futuras (o que pode demorar anos e até décadas para acontecer, mas certamente diminui a expectativa de vida e a saúde da árvore, afetando o crescimento, a frutificação, a resistência).
Para carregar a jabuticabeira há diversas formas, dependendo do tamanho e do peso dela. Uma tentativa pode ser a de passar uma corda no torrão, ai duas ou quarto pessoas erguem o torrão pela corda e mais uma ou duas erguem a copa amarrada (previamente podada como já descrito acima). Ao caminhar, é importante que o torrão vá na frente abrindo caminho, pois facilita o plantio.
Talvez seja necessário um caminhão-munk? Em agosto de 2008 o aluguel de um munk custava entre R$ 80,00 e R$ 100,00 a hora.
Quanto às regas, frequencia e quantidade, a jabuticabeira AMA água, ela bebe muito. O sistema ideal de rega dela é o por gotejamento, ou seja, fica pingando água nela 27 horas por dia, 7 dias por semana (se não chover) para sempre manter a umidade do solo constante. Isso requer a instalação de uma mangueira ou cano de PVC furado que fique pingando sempre e pode ficar no caminho, ficar incômodo se for feito no estilo caseiro. Pode também regar a primeira vez depois colocar uma garrafa PET furada que vá pingado constantemente e que é enchida sempre que necessário.
Um sistema de irrigação automatizado é muito legal, mas requer investimento e o trabalho de uma empresa especializada.
Então, de qualquer forma, lembre-se de regá-la todos os dias até o enraizamento - você saberá que ela enraizou ("pegou") quando começarem a surgir novas folhas. Depois, como ela estará no solo e não num vaso, ela se vira melhor por conta própria e deverá ser regada em épocas de estiagem. Não deixe faltar água para obter mais frutos saborosos!
Legislação
Essa jabuticabeira não pode sair do terreno onde está sem a devida autorização da prefeitura.
A lei municipal de São Paulo no 10.365/87 regulamenta a poda ou o corte (e o transplante) de árvores no município. Ela também diz que se você tiver um "bosque" (três espécies de árvores distintas no mesmo terreno) pode solicitar desconto no IPTU desse imóvel. Mas ai você é bem mais qualificado para estudar a legislação do que eu, divirta-se!
E há uma portaria de no 26/2008 da SVMA que regulamenta de forma mais estrita ainda essa lei, dizendo que árvores poderão, com a devida autorização, ser transplantadas dentro do mesmo terreno no caso de obras.
Saiba disso, pois há multa, implica em compensações ambientais e atinge o dono do terreno, a pessoa que está trabalhando na árvore e demais envolvidos.
Aqui você acha uma listagem da legislação ambiental federal, estadual e municipal.
Do site da prefeitura:
"Para poda de árvores em terrenos de propriedade privada, o munícipe deve obter autorização, mediante solicitação por escrito, na Praça de Atendimento da Subprefeitura do bairro, contendo exposição de motivos e informação sobre a espécie da árvore. Deve anexar também croquis de localização da árvore no terreno, cópia do carnê do IPTU e de comprovante de endereço (conta de água ou luz). A autorização será concedida somente após vistoria do local, efetuada pelo engenheiro agrônomo da Subprefeitura em que está localizado o imóvel."
A autorização pode ser solicitada no site, na subprefeitura.
Outros materiais interessantes:
* Manual técnico de arborização urbana da Prefeitura
* Manual técnico de poda da Prefeitura
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Conforme prometido - compostagem
Gostei muito de fazer a composteira em casa, agora implantarei uma aqui na casa de minha mãe (ainda bem que ela topa tudo).
Vamos à receita, conforme prometi.
Compostagem caseira - apropriada para casas, varandas, apartamentos e demais pequenos espaços.
Pegue um balde, bombona ou tonel grande (eu usei um de tinta que tem aproximadamente 50cm de altura e diâmetro de 30cm). Faça um furo de drenagem nele - optei por fazer na lateral, o mais próximo possível do chão do balde. Serve para escoar o chorume, um subproduto da compostagem que é muito rico em alimentos para as plantas e deve ser coletado para que possa ser usado, diluído em água, nas regas.
Utilizaremos os restos "verdes ou molhados"- aqueles que ainda contém água - da cozinha e do jardim e também folhas / galhos / caules "secos ou marrons" - assim chamados por já não conterem água. Os "verdes" são, por exemplo, as folhas descartadas da alface, do repolho, as cascas de ameixa, de batata, as ramas de cenoura e beterraba (a não ser que queira consumí-las, pois são deliciosas), cascas de ovo (essas devem ser bem lavadas e trituradas antes de irem para a composteira, cascas de tomate, restos de poda do jardim e assim por diante. Tudo o que seja orgânico e que não tenha sido cozido e temperado (nada de sal, óleo, vinagre na composteira, ok?). Não se recomenda o uso das cascas dos cítricos, pois não se decompõem a contento e tampouco de sementes, pois nem sempre morrem com a alta temperatura da compostagem e poderiam germinar depois, o que seria indesejado naquele lindo vaso que você resolveu plantar.
Já os "marrons" são aquela grama que você aparou e ficou secando num canto do jardim, as folhas secas da árvore do vizinho, as folhas do bambu e assim vai. Como não tenho marrons suficientes em casa (mania de cimentar tudo que esse povo tem nessa cidade...), fui ao Ibirapuera com vários sacos grandes para coletar os secos que precisava.
A proporção entre verdes e marrons é de 1 para 30. Ou seja, uma medida de verdes para 30 de secos (um pires, uma xícara, um balde... meça como quiser).
Comece forrando o balde com uma generosa camada de secos, logo coloque uma de verdes e siga intercalando. Isso feito, regue para molhar tudo (sem exagerar, não precisa vazar tudo embaixo não). Cubra com algo que deixe respirar e ponha para descansar. Eu tampei com folhas enormes de chapéu de sol e coloquei o balde debaixo do tanque na lavanderia. Convém escolher um lugar à sombra para esse descanso. Importante: coloque o balde em cima de, por exemplo, um tijolo, para que na saída da drenagem do chorume possa colocar uma vasilha ou prato coletor.
A seguir, regue periodicamente e revolva para ir misturando tudo. As regas são para controlar a temperatura da composteira, que poderia chegar a mais de 70 graus (o que acabaria com os nutrientes buscamos) e permitir a decomposição aeróbica da matéria orgânica. O revolver é para que haja oxigênio, já que buscamos uma decomposição aeróbica, e para que tudo se torne uniforme - cuidado ao revolver, não vá se queimar!
Nesse processo a compostagem soltará o chorume, um líquido escuro e muito nutritivo que pode ser utilizado como fertilizante líquido nas regas.
Para ajudar, podemos regar a composteira com água utilizada para lavar potes de iogurte ou caixinhas de leite, que contém bacilos e bactérias - as responsáveis pela decomposição da matéria orgânica. Há quem acrescente um Yakult à (primeira) rega para ativar o processo. Eu não fiz, mas lavava as caixinhas de leite e os potes de iogurte e colocava essa água na composteira.
Saberemos que o composto orgânico está pronto quando tudo tiver virado uma coisa só, marrom escura, que tem cheiro agradável e que não esquenta mais. O cheiro que terá é aquele delicioso de terra depois da chuva. O volume diminui consideravelmente. O balde da foto estava cheio até a boca e o que obtive foi o que vocês podem ver nela.
Chegado esse ponto, basta peneirar (sim, galhos e cascas mais duros e grossos demoram demais para se decompor) e utilizar em seus vasos e no jardim.
Sobre o mal-cheiro e a podridão: elas acontecem quando não há ar no processo de decomposição, quando essa acontece de forma anaeróbica. Para evitá-la, preste atenção à proporção verdes x marrons, revolva o composto regularmente e não exagere na água. O meu eu revolvi uma vez a cada 20 dias aproximadamente e deu super certo. O processo total demorou 5 meses.
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Compostagem bem-sucedida
Este post é um agradecimento à Assucena. Depois da oficina de compostagem caseira lá na Escola de Paisagismo e Jardinagem no Ibirapuera me empolguei a fazer uma em casa. Se você leu o cabeçalho do blog, já sabe: eu tenho que tentar por mim mesma e comprovar que a teoria realmente funciona na prática. Não levem a mal, não é desconfiança na experiência dos outros não, é para ter minhas próprias deliciosas experiências!
E foi assim que me convenci de que a composteira caseira não dá cheiro, nem atrai moscas, mosquitos ou baratas (ai, credo!) e que tampouco dá trabalho.
Só não tenho lugar para compostar tudo que consumo em folhas, cascas etc. Mas pelo menos faço um composto bem legal.
Meu baldão fica debaixo do tanque, na lavanderia. Não pega sol, fica tampado com folhas secas de árvores e tem um pratinho para recolher o chorume que já alimentou vários vasos aqui de casa.
Comecei no dia em que fiz a oficina, em julho de 2008.
Desculpem a foto, já estava anoitecendo, mas quis registrar o primeiro composto caseiro daqui. A foto foi tirada antes de peneirar o composto obtido.
OFICINA "Compostagem Doméstica"
Facilitadora: Bióloga Assucena Tupiassú
Objetivo: Mostrar como produzir composto orgânico com resíduos gerados diariamente em casa, contribuindo assim para a saúde de suas plantas e diminuindo a quantidade de lixo encaminhado para os aterros da cidade. Busca fornecer aos participantes conhecimentos teóricos e práticos com a conseqüente incorporação de atitudes e valores.
Público-alvo: Freqüentadores do Parque Ibirapuera, alunos da Escola de Jardinagem e munícipes em geral.
Local: Escola Municipal de Jardinagem – Parque Ibirapuera
Duração:3 horas
Vagas: 30 (mínimo 20 pessoas para realização do evento).