Apreciando o trabalho do dia - 30 de janeiro de 2010
Fotos: Ricardo Caminha Na Reserva Ecológica Ribera Norte há um conjunto de lagoas e cursos d'água que as intercomunicam e que também interagem com o Rio de la Plata que está logo ali. Infelizmente a ganância imobiliária, como é seu costume, quis e ganhou terras inundáveis ao rio, recheando áreas para construir e logo vendo-se obrigada a recorrer a barreiras para impedir que o rio reclamasse as terras que eram suas de direito quando ele cresce.
Isso significa que águas de chuva vindas da 'barranca' (uma elevação que delimitava originalmente o fim das terras iniundáveis) que antes alimentavam as lagoas da reserva já não o fazem e que as águas da lagoa, mesmo com as crescidas do rio, são muito mais paradas que o desejado para manter um equilíbrio de, por exemplo, plantas aquáticas.
Assim sendo, a galera da reserva se vê obrigada a recorrer às ditas 'laguneadas' para liberar o espelho d'água. Sem espelho visível, muitas aves não pousam - acham que é terra o que há debaixo do tapete de plantas aquáticas. Isso significa que não constróem ninhos. E que não se reproduzem. E que... Enfim, vocês já entenderam.
Um dos orgulhos da Reserva é que habitam nela mais de 10% das aves nativas de todo o território argentino. A idéia é manter isso, diminuindo a quantidade de plantas exóticas - que além de tomarem o espaço das nativas não fornecem alimento à fauna local (mas isso é outro assunto). Outra coisa que podemos fazer e fazemos a cada 15 dias no verão é limpar a lagoa do excesso de plantas aquáticas, de lixo, diminuir a quantidade de exóticas (como o lírio Iris pseudacorus) que formam verdadeiras ilhas flutuantes e diminuem ainda mais a superfície de água.
Ai vão algumas fotos das laguneadas desse ano. Não são fotos minhas, mas na maioria dos casos não sei dizer quem as tirou... Se os autores se manifestarem, terei orgulho em acrescentar seus nomes.
***
Dia 27 de fevereiro haverá mais uma, estão todos convidados a se embarrar. Dessa vez eu passo, estarei longe, em terras tupiniquins. Mas esse fimde devo ir lá recolher lixo das trilhas - o rio andou muito alto esses últimos dias e nos devolve tudo aquilo que, em vez de reduzir, reciclar ou simplesmente jogar no lixo as pessoas jogam nas ruas e as chuvas levam até o rio. Se nós não queremos nosso próprio lixo, porque o rio haveria de querê-lo?