Inspirada pelos desafios que Neide vez por outra publica no Come-se, quis fazer igual. Ou parecido.
Quem arrisca dizer o que usaram para forrar o chão dessa praça?
Acabei reparando porque fiquei um tempo sentada na sobra de uma paineira (que me bombardeava com suas flores) antes de empreender a caminhada de volta para a casa de meus pais.
Não sei se concordam comigo, mas, apesar de gostar muito do efeito de seixos rolados usados para forrar o chão, vasos e jardineiras, sinto-me bastante culpada ao pensar em fazê-lo. Isso porque sei que a Natureza levou um bom tempo para deixá-los tão redondinhos e agradáveis ao tato e que eles nem sempre são extraídos do fundo dos rios de forma sustentável. Ou seja, eles são finitos. Além do mais, a extração aprofunda o leito do rio, predispõe ao assoreamento, influi na fauna... Para extraí-los de forma legal, a mineradora deve ter o EIA/RIMA (Estudo de Impacto Ambiental / Relatório de Impacto Ambiental) e conseguir as devidas autorizações do Ministério do Meio Ambiente, o que implica em constantes controles e compensações ambientais que tem um custo para a empresa. Será que aquele "tantinho" que compramos no CEASA vem de uma fonte certificada? (leia mais no fim do post)
Por isso fiquei chocada ao identificar o que forra o chão dessa praça.
Quando eu era criança, costumava andar pela praia e juntar conchinhas. Por sorte minha mãe não deixava que eu levasse todas para casa - por causa do cheiro de peixe e da areia - mas isso tinha um efeito colateral muito benéfico: elas ficavam lá, na praia, para devolver calcário ao mar e para que mais pessoas delas pudessem desfrutar.
E hoje? Quem é que consegue achar conchinhas na praia? Isso está cada vez mais difícil, que tristeza... Não tenho filhos, mas se os tivesse não poderia repetir com eles algo que me dava tanto prazer quando minha mãe caminhava comigo molhando os pés na água do mar e caçando conchinhas desabitadas. Com meu irmão, competíamos para ver quem encontrava a mais bonita.
E você, o quem a dizer a esse respeito?
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"A fauna característica do leito depende diretamente de condições naturais, como por exemplo, da renovação contínua dos seixos rolados e da presença de margens íngremes. O que não se verifica em rios regulados onde ocorre a senilidade dos mesmos. Com a realização de obras hidráulicas, o perfil é reduzido, o leito aprofundado e a velocidade da corrente aumentada. O aumento da capacidade de vazão reduz a freqüência de transbordamento das cheias menores e médias, porém permanecem as grandes enchentes. A relação entre rio e baixada inundável é interrompida, contribuindo para o desaparecimento de locais para a desova de peixes, por exemplo."
Extraído de uma publicação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - SEMADS - Rios e Córregos - Preservar - Conservar - Renaturalizar - A recuperação de rios, possibilidades e limites da engenharia ambiental - Abril 2001 - disponível nesse link no dia da publicação desse post.
Caraca, Elena!
ResponderExcluirAcho que a gente não encontra mais as conchinhas porque usaram todas na praça!!
Onde fica essa praça? Não digo nada se não for em uma cidade do interior, longe de onde são retiradas!
Um beijão!
A praça fica em Olivos - PArtido (município) de Vicente López, parte da Grande Buenos Aires.
ResponderExcluirBeijos
Faz sentido, e parabéns pela observação e reflexão. Mas não me parece ameaçador (as conchas). Não adianta ficar procurando a mais bonita aí, eu sempre ganhava!
ResponderExcluir(mentira...)
Parabéns pelo blog!
Taubrós!?
vivendo, lendo e aprendendo com elena. por isso que sempre passo por aqui.
ResponderExcluirElena, que desastre! Também sou super contra o uso de seixos, prefiro os materiais reutilizados de construções, que dão o mesmo efeito e já podem ser encontrados de diversos tamanhos de cores. Não precisamos reconstruir um ambiente prejudicando outro, este alerta é muito importantes!
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