segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Um Jardim Sem Sentido* e a tal da manutenção

Acho que todo mundo já ouviu a mãe recomendar coisas como 'guarda tal coisa sempre no mesmo lugar, assim vai saber onde procurar da próxima vez'. Ou: 'pendura a roupa em vez de deixar acumular na cadeira'. E daqueles (todos) que já fizemos dietas, alguém não ouviu falar da 'manutenção que pode até ser considerada mais importante que o processo de emagrecimento em si'? Pois então, preparem-se: num jardim acontece exatamente a mesma coisa!!!
Domingo passei de carro ao lado do Parque do Povo, que eu ainda não conhecia nem de vista. Achei muito bacana ter um parque ali do lado da ponte Cidade Jardim. São Paulo é carente de praças e parques e o que vi de passagem era bastante convidativo. Mas tarde nesse mesmo dia fui passear por lá com a Marisa e a Taty. E... nem tudo que brilha é ouro (infelizmente constatei isso sem surpresa nenhuma).
A ideia inicial do projeto descrita aqui e aqui é bastante interessante, prevê o fato do solo ser muito compactado e isso prejudicar a absorção de águas pluviais, a acessibilidade, placas indicativas de serviços e de espécies botânicas. Mas ai falta a tal da 'manutenção da dieta', ou no caso, da manutenção da área verde que é mandatória à implantação do projeto paisagístico. É possível minimizar a manutenção escolhendo espécies adequadas, mas não eliminá-la 100%.
O Jardim Sensitivo, originalmente pensado para atender a deficientes visuais, já perdeu o sentido: cresceu demais, impede a circulação pelo caminho tátil no chão, há espécies que podem até mesmo causar dano físico se alguém quiser acariciá-las como efetivamente são estimuladas a fazer. Há uma trilha feita com relevo no solado para guiar os deficientes visuais, mas ela está invadida, imaginem o susto que deve levar um usuário! Placas em braile eu não vi. Das aromáticas sobrevivem algumas como o manjericão e a lavanda, uma delícia para o olfato.

 

      

 A ciclovia algum dia certamente foi fácil de identificar, mas hoje a cor do seu piso é quase idêntica à do restante e os ciclistas ocupam os caminhos dos pedestres e vice-versa. Já na entrada do parque quase fomos atropeladas pela manada que vinha em duas rodas porque o nosso caminho a pé era oficialmente no meio do vai-vem dos empolgados pedalantes (que estavam no local indicado para aquele trecho).



E as tais das "bacias de captação sob o parque, para que a água permaneça o maior tempo possível no solo, já que os campos e quadras de terra fortemente batidas ou cimentadas e construções desordenadas que ocupavam o local deixaram à área praticamente impermeável (fonte)" não funcionam. Se não foram mal dimensionadas, devem precisar de algum tupo de manutenção.
Já as trilhas explicativas, infelizmente não as vi.
A área de jogos infantis e de aparelhos para exercício de adultos é bacana, colorida, variada. Pena que alguns estão implantados com 'solado' de barro ou que a área de pique-nique não tenha sombra. Mesmo que reponham as trepadeiras que secaram, os suportes (arames) que supostamente devem sustentá-las estão enferrujados, se rompem e são insuficientes e mal dimensionados. Uma pena, já que a ideia de uma parede verde ou de caramanchões de trepadeiras é interessante. As mesas do pique-nique interpreto que deveriam estar cobertas pelas parreiras no verão dando sombra e, por se tratar de uma espécie caduca, deixar passar o agradável e bem-vindo sol de inverno. mas ainda tem que pedir licença para a grama amendoim para chegar até elas (imagino que algumas pessoas até fiquem se perguntando se podem ou não pisar nela).



 

 



Há falhas que são anteriores à falta de manutenção, já são carregadas das fases de projeto e de implantação. Há, por exemplo, caminhos que claramente previam faixas de gramado que posteriormente foram preenchidas com cemento, provavelmente porque o pisoteio não permitia que o gramado crescesse. Falha de projeto. Ou canteiros onde as plantas estão lutando pela sobrevivência, mas sem terem um solo adequado vão lutar, lutar, lutar para morrer na praia. Falha de execução (e talvez de projeto, caso o preparo do solo não tenha sido especificado adequadamente no projeto executivo).




Vi muitos cestos para recicláveis, muito bom! Mas nenhum para o restante do lixo.



Apesar de todas as críticas feitas e não feitas, gostei muito do espaço como um todo, do fato de ter mais um parque à disposição e lamento que a manutenção não lhe faça jus. A grama estava cortada, não havia lixo jogado e tampouco fui premiada pisando em lembrancinhas caninas (um salve a seus donos).








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Veja aqui a programação do parque divulgada no site da Prefeitura. E visite o parque, quem sabe sua opinião seja diametralmente oposta à minha?


Parque do Povo - Mário Pimenta Camargo
* um dos 19/21 da região centro-oeste
   Av. Henriqe Chamma, 490 - Itaim Bibi
   Tel.: 11 3073-1217


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[* Jardim Sem Sentido, named by Taty]
Leia a opinião de Marisa Lima aqui.

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