Na Reserva Ecológica Ribera Norte há um conjunto de lagoas e cursos d'água que as intercomunicam e que também interagem com o Rio de la Plata que está logo ali. Infelizmente a ganância imobiliária, como é seu costume, quis e ganhou terras inundáveis ao rio, recheando áreas para construir e logo vendo-se obrigada a recorrer a barreiras para impedir que o rio reclamasse as terras que eram suas de direito quando ele cresce.
Isso significa que águas de chuva vindas da 'barranca' (uma elevação que delimitava originalmente o fim das terras iniundáveis) que antes alimentavam as lagoas da reserva já não o fazem e que as águas da lagoa, mesmo com as crescidas do rio, são muito mais paradas que o desejado para manter um equilíbrio de, por exemplo, plantas aquáticas.
Assim sendo, a galera da reserva se vê obrigada a recorrer às ditas 'laguneadas' para liberar o espelho d'água. Sem espelho visível, muitas aves não pousam - acham que é terra o que há debaixo do tapete de plantas aquáticas. Isso significa que não constróem ninhos. E que não se reproduzem. E que... Enfim, vocês já entenderam.
Um dos orgulhos da Reserva é que habitam nela mais de 10% das aves nativas de todo o território argentino. A idéia é manter isso, diminuindo a quantidade de plantas exóticas - que além de tomarem o espaço das nativas não fornecem alimento à fauna local (mas isso é outro assunto). Outra coisa que podemos fazer e fazemos a cada 15 dias no verão é limpar a lagoa do excesso de plantas aquáticas, de lixo, diminuir a quantidade de exóticas (como o lírio Iris pseudacorus) que formam verdadeiras ilhas flutuantes e diminuem ainda mais a superfície de água.
Ai vão algumas fotos das laguneadas desse ano. Não são fotos minhas, mas na maioria dos casos não sei dizer quem as tirou... Se os autores se manifestarem, terei orgulho em acrescentar seus nomes.
A ilha foi se formando pelo crescimento das Iris pseudacorus, que retém terra em seu emaranhado de rizomas. Logo cresceram uma Sesbanea punicea (Aqui Acacia mansa ou Ceibillo) com lindas flores laranjas e também algumas Erithrina crista-galli (aqui chamados Ceibo, a flor nacional da Argentina). As folhas que se vêem em primeiro plano infelizmente também pertencem à exótica iris... Nosso trabalho nesse dia foi cortar iris, coletar repolhos d'água (Pistia stratiotes) que seriam doados e retirar ao máximo outras aquáticas ('lentejas de agua' e 'helechitos de agua') para deixar livre o espelho da lagoa. Todo o material orgânico podado ou recolhido é jogado em cima da ilha, numa tentativa de afogar o rizoma das iris o suficiente para que paulatinamente perdam suas forças e não consigam voltar a crescer, o que dá certo lentamente (em outros pontos da lagoa estão resurgindo manchas de totora e outras nativas!!!).
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Dia 27 de fevereiro haverá mais uma, estão todos convidados a se embarrar. Dessa vez eu passo, estarei longe, em terras tupiniquins. Mas esse fimde devo ir lá recolher lixo das trilhas - o rio andou muito alto esses últimos dias e nos devolve tudo aquilo que, em vez de reduzir, reciclar ou simplesmente jogar no lixo as pessoas jogam nas ruas e as chuvas levam até o rio. Se nós não queremos nosso próprio lixo, porque o rio haveria de querê-lo?
Além de super necessário e bom exemplo, a atividade deve ter sido muito gostosa né? Mas eu confesso que só entraria em uma lagoa dessas se soubesse que não tem jacarés, rsrs
ResponderExcluirVejo sempre no Animal Planet que estes habitats são os preferidos por eles... Que bom que não é o caso desta reserva. Como sempre mais um exemplo do que nós humanos fazemos com a nossa casa. Por isso amiga gostei tanto do filme Avatar, enfoca bem este triste cenário. Um grande abraço e venha nos visitar se der tempo em Jundiaí!
Se todos fizem sua paret nesta vida teríamos um mundo melhor, muito bacana...paz.
ResponderExcluirQue blog legal! Parabéns!
ResponderExcluirIsso é que é ir pro brejo! Ainda bem que tem uma galera como vcs que se submete à esses brejos pra proteger e preservar.
ResponderExcluirParabéns.
(ficou cheirosa depois?)
Beijo do velho
Taubrós!?
O pior é o cheiro do durante... Decomposição anaeróbica gera aquele gás delicioso!! A gente vai andando e vão subindo as bolhas. E veja bem, por aqui ninguém come feijão!
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